Pobres de Espírito << voltar
autor: Henrique Karroiz publicação: 07/11/2019
Quando lemos o Evangelho, capítulo VII, Jesus nos aponta que "Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o Reino dos Céus", percebemos, nesta mensagem, que Ele não se refere aos tolos, mas aos humildes, e diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos. A presunção daqueles que se acham altamente cultos e intelectualizados baseia-se em uma pretensa sabedoria dentro das suas profissões e dos contextos de vida, achando-se, todos, altamente coerentes com aquilo que pensam e constroem, voltados somente para si mesmos e suas conquistas, não podendo elevar seus pensamentos para o Alto. Isto, apenas, representa a presunção de um Espírito ainda pequeno e sem alcance espiritual, que se pressupõe além do que é, não aceitando ouvir aqueles que sabem mais do que ele e que são mais, espiritualmente.
Pobre de Espírito é aquele que tem a simplicidade no coração, em sentimentos, a humildade em Espírito, as atitudes flexíveis diante da vida e de todas as situações. Por que a Espiritualidade não busca e não traz Espíritos de alta sabedoria para serem os seus representantes espirituais? Porque vão questionar, irão imiscuir-se naquilo que a Espiritualidade estará passando, achando que não está nada certo, pois não coincide com seus conhecimentos e valores. Eles só irão crer naquilo que tocam, que veem, que estudaram e acham que conhecem, não deixando uma sensibilidade maior aflorar, a perceberem o quanto existe fora do âmbito momentâneo de ser encarnado, ainda em dívida com as leis universais. Não se deixarão repercutir, espiritualmente, envolvendo-se em contestações e dificuldades sem nenhum entrosamento espiritual, e, além do mais, permitindo-se grandes alicerçamentos nos campos da materialidade, farão com que essas aproximações fiquem impossibilitadas de serem concretizadas.
Esse alicerçamento desregulado e desequilibrado é que traz a desarmonia nos atos vivenciais. Quantos líderes vemos em desarmonia de atos, a prejudicarem a humanidade, profundamente. São Espíritos que se acham obsequiados por grandes poderes dados por Deus, não percebendo, entretanto, o quanto precisam alicerçar-se em valores e moral, dentro, principalmente, da humildade.
Precisamos doar, doar de forma humilde, fazer pelo próximo o que gostaríamos que fizessem a nós, como, também, fazer por nós mesmos o necessário, pois viemos buscar corrigendas a nós, sendo este, o principal enfoque de nossa encarnação, da verdadeira misericórdia que o Pai nos lança, a que possamos aliviar nossas almas dos dramas e perturbações, dos declínios que nos trouxeram a uma nova vivenciação. Cada um de nós veio buscar estes alicerçamentos. Temos que observar a nós, em primeiro lugar, a que tenhamos condições suficientes para estendermos nossas mãos aos mais necessitados, de forma coerente e lúcida. Porém, se não tivermos essa coerência em atos, em moral, em alicerçamento cristão, não teremos como ajudar a ninguém, porque ainda estaremos falseando em valores e verdades.
Que possamos estar conscientes da necessidade de nos fazermos Pobres em Espírito, não nos referindo à pobreza material, mas, sim, à espiritual, demonstrando um grande alicerçamento em gratidão, em amor, dentro de uma visão profunda em coerência com as leis universais.
Henrique Karroiz