Castigo e Merecimento << voltar
autor: Henrique Karroiz publicação: 05/07/2017
mensagem: Castigo e Merecimento
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Quando falamos neste tema, surgem logo grandes questionamentos, não? O Pai jamais nos dá castigos ou nos coloca sob uma batuta de dores e sofrimentos, mas, sim, nos expande em múltiplas possibilidades de atuação e movimentações, tanto humanas quanto espirituais e materiais. Não existem castigos impostos pelo Criador, e, sim, movimentações feitas por nós mesmos, atuações que nos causam consequências inúmeras, positivas ou negativas, por nos encontrarmos, ainda, sob rudezas em atitudes, sentimentos e pensamentos.

Já o merecimento é algo que conquistamos através de muito trabalho e esforço, em propostas de renovação íntima em valores e sentimentos. Vemos muitas almas em vivências abastadas, tanto material como humanamente, recolhendo os frutos de vidas em despojamentos de si mesmas e de caridade a seu próximo, como, também, percebemos outras tantas que não se revelam em atitudes de bondade e amor, retendo abastecimentos materiais ou usufruindo de situações de lideranças, esbanjando e excedendo em tudo, numa total discordância com almas que vivem na miséria e em inúmeras dificuldades. Como podemos explicar estas diferenciações e, a olhos carnais, verdadeiros contrassensos?

Merecimento é algo que se conquista vida a vida, palmo a palmo, em cada instante das diversas vidas, porém, quando vemos almas revestidas de bens materiais e em abundâncias múltiplas, sem uma razão aparente que nos evidencie merecimentos, é por estarem estas almas sob grandes instantes de provas, testes em que são colocadas, ou elas mesmas se propõem a ultrapassar as grandes barreiras que as derrubaram em pretérito e que ainda precisam ser escaladas. Quando o ser humano observa as situações efêmeras de vida atual, em que se colocam as criaturas, não percebe, em profundidade, o quanto se estão trabalhando ou não, nas problemáticas espirituais e humanas em que se vieram distender. A visão do ser encarnado é curta e superficial, por isso, os contrassensos saltam aos olhos, mas distantes de uma percepção mais aprofundada, que é a visão espiritual.

Os "castigos", a que a grande maioria se refere, são concepções mais fáceis de serem aceitas por todas e cada criatura do que a de se reverem em valores e sentimentos, não é? Só que não vemos esses “castigos” sob esta ótica, pois sempre nos sentimos “muito bonzinhos e ficamos indignados porque Deus permite que isto ou aquilo aconteça, não é verdade?” As almas, que ainda estão vivenciando nesta esfera, não se encontram alinhadas nas fileiras cristãs, precisando de um maior burilamento de si mesmas a entenderem o quanto recebem, o quanto de concessão o Pai nos envia na própria liberdade de escolha dos caminhos. Porém, nós abusamos, exploramos e nos esquecemos do quanto de alimento material e espiritual nos é fornecido para a manutenção de nossos corpos e de toda a natureza que nos envolve. Não fazemos a escolha de nossos caminhos somente em vida carnal, não. As opções de vida são estudadas, trabalhadas e efetivadas, quando ainda em planos espirituais se encontram as almas, escolhendo, elas próprias, por muitas e muitas vezes, suas provas e necessidades. Assim sendo, precisamos aprender a visualizar nelas as oportunidades de uma reforma e mesmo uma avaliação nossa mais profunda. Avaliando e penetrando nos "porquês", nos “paraquês”, nas "razões" e nas consequências que nos tocam, profundamente, encontraremos, com bases no Evangelho, as posturas e trânsitos inconsequentes em que nos deixamos resvalar por desconhecimento de causas, por insipiência espiritual, por negativas, por solicitações do próprio meio, por valores distorcidos ou por não termos ainda conjugado, em nós, os direitos e deveres espirituais e divinos que precisam sempre alicerçar nosso viver, seja em vivências em planos densos ou em palcos fluídicos.

Agora, lhes pergunto: Quantos de vocês se julgam sob castigos eternos na pressão do viver atual? Quantos já conseguiram acionar os dispositivos das leis de causa e efeito, e observar os fatos e as reações, tentando resolver as problemáticas vivenciais e extraindo, destes instantes, conselhos e lições mais firmes?

Assim, meus amigos, castigos e merecimentos fazem parte das não conquistas e das conquistas de passado, como, também, não estaremos livres de arrebanhar negatividades e negligências nesta vivência atual. Tudo irá girar em torno das nossas disposições, a nos vermos na realidade de pensamentos, palavras e obras. Na realidade, tanto na estrutura física, como na emocional ou psíquica, demonstramos o que fizemos, o que angariamos em vidas pretéritas e o que somos hoje. A estrutura física demonstra o que fomos e os males que ainda carregamos. No emocional e no psiquismo, perceberemos se estamos estabilizados ou não, mentalmente.

A expressão de nosso olhar, a paz e tranquilidade em nossas palavras, o nível de compreensão e lucidez; a fé que nos sustenta; o equilíbrio no viver dentro dos moldes humanos, materiais e espirituais; as ações que modulam nossa moral e nos definem em diversos posicionamentos de caráter e o sistema equilibrado no confronto íntimo familiar ou social, irão posicionar-nos, perfeitamente, na escala evolutiva espiritual

Amigos, se estamos ainda sob fortes pressões íntimas e precisando ser reestruturados em moldes humanos, físicos, emocionais ou espirituais, não fujamos destes momentos. Penetremos nas lições do Evangelho e sigamos com humildade em consciência, para melhorar os relacionamentos com as almas irmãs. Se já nos sentimos sob angariamentos positivos, encontrando valores e conseguindo neles nos exercitar, se já nos permitimos envergar em maior compreensão e num ajuste moral e consciencial, busquemos um aprofundamento mais amplo, lapidando as arestas que faltam e que, com certeza, estão dentro de nós para aqui na esfera estarmos, como, também, diluamos as pontas das setas que dirigimos àqueles que convivem conosco, alicerçando, de uma vez por todas, sentimentos e valores, para que esta encarnação possa ser, totalmente, válida e não precisemos sentir mais os efeitos doloridos e sofridos no sistema vivencial, mas, sim, conviver, licitamente, com os merecimentos, com a paz e o amor do Cristo, com todas as criaturas.

Henrique Karroiz

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